Crescer - NOTÍCIAS - Avós ou berçário: qual é a melhor escolha?

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Estudo diz que crianças que são cuidadas pelos avós apresentam mais problemas de comportamento em relação àquelas que vão para berçários

Ana Paula Pontes

Shutterstock
Talvez um dos primeiros momentos mais difíceis na vida dos pais seja a hora de decidir com quem deixar o filho para a mãe voltar ao trabalho. E pensar na possibilidade de ele ficar com a avó parece mais tranqüilizante. Mas um estudo realizado por pesquisadores do Instituto da Educação, da Universidade de Londres, revelou que é melhor para as crianças ficar em berçários do que partir para esta escolha. 

A análise foi feita com 4.800 crianças nascidas em 2000 e 2001 cujas mães trabalharam quando elas eram bebês. O resultado mostrou que aquelas cuidadas pelos avós nos primeiros nove meses apresentaram mais problemas de comportamento, como hiperatividade e dificuldade de se socializar, aos 3 anos de idade, independente do nível social. 

As que ficaram em berçários se mostraram mais preparadas para a vida escolar e, ao verificar sua compreensão de cores, letras, números, tamanhos, comparações e formas, elas ganharam mais pontos em relação às do outro grupo. 

A avaliação do que é melhor, no entanto, não é tão simples assim. Sempre existirão o lado negativo e o positivo na sua escolha. É preciso tranquilidade. “Os pais não podem ficar obsessivos para encontrar a solução perfeita para a criança. Será preciso pesar os prós e contras e quais os contras que são mais significativos”, diz Rita Callegari, psicóloga do Hospital São Camilo (SP). 

Quando a criança fica só com um adulto em casa ela receberá uma atenção maior, terá tudo mais prontamente, não se frustrará tanto, porque a chance de quem cuida dela ceder aos seus desejos é grande. Já, na escola, com mais outras crianças para dividir a atenção do professor, ela aprende a esperar a sua vez e entende que não está sozinha no mundo. “Essas são condições básicas de socialização.E passar por situações frustantes e ter de lidar com elas ajuda a lapidar seu caráter, tornando-a mais tolerante e mais pronta para viver em sociedade”, afirma Rita. 

Segundo dados da pesquisa, na escola também há um ambiente propício para o aprendizado, com profissionais treinados para estimular as crianças e desenvolver suas habilidades sociais. O grande estímulo, no entanto, é conviver e interagir com outras crianças da mesma idade. “Quando recebemos na escola crianças de 10 meses que só ficaram com adultos em casa percebemos uma grande diferença em seu comportamento. Ela é mais medrosa e menos ‘solta´ em relação àquelas que vieram de outras instituições”, diz Eliana de Barros Santos, psicóloga e diretora pedagógica do Colégio Global (SP). 

Isso não significa que ficar com os avós é ruim. É preciso bom senso. Neste caso, para que a criança não tenha tanta dificuldade para enfrentar uma escola mais tarde, será importante trabalhar seus limites em casa. Só não vale cobrar essa atitude dos avós. “A criança vai se beneficiar do carinho e afeto desses familiares, mas a sua personalidade, ficando em casa ou na escola, é resultado de uma série de fatores, e a educação é sempre responsabilidade dos pais”, diz Rita. 


Mais palavras no vocabulário 

Outra parte do estudo abordada pelos pesquisadores é que o vocabulário é melhor daquelas que ficam com os avós, pelo fato de eles terem mais tempo para conversar mais com os netos e corrigir seus erros. 

Segundo Rita Callegari, a criança adquire a linguagem imitando, se expondo, falando. Na escola, ela vai desenvolver um vocabulário mais infantil, até pelo fato de conviver mais tempo com crianças da mesma idade, que ainda falam errado. Já, se fica mais com adultos, terá um vocabulário mais apurado, o que vai depender do grau de instrução de quem cuida dela. Porém, em casa ou não, o jeito de a criança se expressar vai depender sempre da maneira como os pais conversam com ela.

Fonte: Revista Crescer Globo.com

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